O apoio oficial do governo às ações mais enérgicas da Polícia Militar baiana no início do mês de fevereiro deste ano, quando foram registrados enfrentamentos com criminosos.
A primeira semana de fevereiro foi
especialmente violenta em Salvador, a capital baiana. Em dois confrontos entre
policiais e criminosos, 14 pessoas foram mortas, sendo 12 em uma única
ocorrência. Embora impactantes, os números não chegariam a impressionar na
capital que tem a taxa média de homicídios superior ao dobro da nacional, com
mais de 60 assassinatos por 100 mil habitantes. Porém, há algo novo na postura
governamental quanto à atuação da polícia.
Os gestores da segurança no estado não
fugiam à postura de desconfiança, e o que se via a cada pronunciamento era que
a ocorrência teria suas circunstâncias investigadas e que os responsáveis
seriam punidos – isso mesmo antes de se saber se havia algo errado a ser
apenado.
Nos episódios do início do mês a postura
foi surpreendentemente outra. Do comando da Polícia Militar ao Governador do
Estado, o que se ouviu foi apoio à atuação policial, com o expresso
posicionamento de que a criminalidade que optar por enfrentar a polícia vai ser
morta, pois é ela que deve sair sem vida dos enfrentamentos, não os policiais.
É a ratificação do quanto já havia anunciado o novo Comandante Geral da
corporação no início do ano: “a PM vai partir para cima”. Não parece ser mera
retórica.
Apesar dos esperados protestos de
setores historicamente ligados a direitos humanos – que hoje parecem ser
exclusividade de quem comete crimes -, a nova postura institucional sobre a
atuação policial na Bahia merece registro positivo. Ela é adequada ao momento
de grave crise de insegurança pública vivido no estado, especialmente porque,
em situações de crise, as medidas precisam, mesmo, ser muito mais enérgicas.
Na última década do século passado,
quando Nova Iorque viveu seu ápice de criminalidade, foi com o chamado
“programa de tolerância zero” que a situação se normalizou. Com ele, os
homicídios foram reduzidos em 65% e a criminalidade geral a menos da metade. A
receita era uma polícia mais enérgica no combate ao crime, com apoio da
Administração Pública, ali encabeçada pelo – para muitos saudoso – prefeito
Rudolph Giuliani. É um bom exemplo.
É evidente que combate enérgico ao crime
jamais vai se confundir com autorização para a polícia fazer o que bem
entender. Todos os excessos precisam ser apurados e rigorosamente punidos,
preferencialmente de forma exemplar. Ainda assim, é imperativo entender que há
uma guerra travada na sociedade, que põe a polícia de um lado e os criminosos
de outro. E nesse cenário é bom saber que os gestores públicos passaram a
apoiar abertamente o lado da polícia.
* Fabricio Rebelo
é pesquisador em segurança pública, bacharel em direito e Coordenador Regional (NE) da ONG
Movimento Viva Brasil.